A conexão dor-cérebro: dor emocional e dor física ativam regiões cerebrais semelhantes.
Os circuitos de dor e emoção se sobrepõem no cérebro. Esta rede neural partilhada tem sido chamada de “rota econômica” da natureza, porque permite ao cérebro processar muitas sensações ao mesmo tempo..
Por que dói?
Dor é um sistema de alerta complicado para protegê-lo de perigos. Quando você dá uma topada com o dedo do pé,o sistema nervoso periférico envia sinais ao cérebro, que então decide quanto de perigo existe. Se decidir que vale a pena prestar atenção aos sinais, o volume da dor aumenta até que o problema seja resolvido; caso contrário, a dor é silenciada.
Este sistema funciona muito bem para dores agudas, como um dedo do pé machucado. Mas em condições crônicas, onde não existe uma solução rápida para, por exemplo, a perda de cartilagem no joelho, as partes do cérebro que enviam e recebem sinais de perigo tornam-se mais sensíveis com o tempo. Os cientistas dizem que quanto mais o cérebro processa a dor, mais perceptivo ele se torna, até ficar sempre em alerta máximo. E dependendo das emoções, crenças e expectativas da pessoa, o cérebro provavelmente continuará registrando dores no joelho, dia após dia.
É assim que as pessoas com dor crônica ficam presas numa dor que se autoperpetua, mas as evidências sugerem que é possível suavizar um cérebro excessivamente sensível e moderar as mensagens de dor crônica.
As emoções negativas são como gasolina atirada no fogo da dor, não só piorando muito a dor crônica, mas até causando-a em alguns casos, diz Beth Darnall, PhD, psicóloga da dor e professora associada da Universidade de Stanford. As pessoas deprimidas, por exemplo, têm três ou quatro vezes mais probabilidade de desenvolver dor crônica do que outras.
O oposto também é verdadeiro. As emoções positivas podem reduzir significativamente a dor quando os pacientes param de se concentrar no quanto se sentem mal. Muitos com dor crônica concordam, observando que quando estão “em uma situação emocional pior”, ficam menos motivados para fazer exercícios e ver amigos e familiares. Estes são essenciais para mudar os padrões de dor porque ajudam a quebrar o padrão de ruminação sobre a dor e desencadeiam a liberação de endorfinas que fazem você se sentir bem e de opioides naturais do corpo. Darnall diz que quando os pacientes aprendem como as emoções, as expectativas, as crenças e o contexto se encaixam, “eles sabem que existe um caminho para obterem mais controle”.
Em um estudo experimental, esses dois circuitos (da dor e das emoções) foram ativados quando as pessoas vivenciaram uma rejeição social de colegas. Em outro estudo, as mesmas regiões foram ativadas quando pessoas que tinham terminado recentemente com parceiros românticos viram fotos do ex-parceiro.
Então, se a dor física e emocional têm assinaturas neurais semelhantes, por que não tomar Tylenol (paracetamol) para tristeza, perda ou desespero?
Em um estudo, pessoas que tinham experimentado uma rejeição social recente foram aleatoriamente designadas para tomar paracetamol versus um placebo diariamente por três semanas. As pessoas que tomaram paracetamol relataram menos sentimentos de mágoa durante esse período. Quando seus cérebros foram escaneados no final do período de tratamento, as que tomaram paracetamol tiveram menos ativação dessas áreas cerebrais.
Este estudo não foi feito para promover o paracetamol e outros analgésicos como drogas psicoativas. Em vez disso, a ideia era enfatizar que, ao longo da evolução, nossos corpos decidiram tomar a rota econômica e usar um único sistema neural para detectar e sentir dor, independentemente de ser emocional ou física. Embora possa ser uma boa ideia tomar um analgésico na fase aguda de sentir dor física e emocional, ninguém está propondo isto como uma cura de longo prazo para lidar com sentimentos de mágoa e tristeza.
A dor em si, é sempre uma experiência física e emocional. Se eu tropeçar o dedo do pé, além da dor física, provavelmente também ficarei bravo ou desapontado comigo mesmo ou com outra pessoa que seja conveniente culpar (Por que você deixou aquela caixa no corredor onde eu não conseguia ver até me machucar? Agora, veja o que você fez!).
As pessoas às vezes dizem, ao ler ou ouvir que depressão, ansiedade e muitas outras doenças psicológicas têm assinaturas neurais específicas: "Não está apenas na minha cabeça". Bem, eu concordo, mas o cérebro está localizado na cabeça. (Talvez dizer que não é apenas minha imaginação seja mais preciso?)
O cérebro é massivamente interconectado com o resto do corpo. Existem conexões neurais diretas através do tronco cerebral e da medula espinhal. Os sistemas circulatório e linfático também carregam neurotransmissores (hormônios e células imunes) que encontram locais receptores no cérebro que retroalimentam e modulam as ligações entre o cérebro e o corpo. Dessa forma, cada célula do corpo — cada célula — está ligada ao sistema nervoso e, como tal, pode ser percebida e sentida, quer nos permitamos ou não estar cientes disto.
Com uma dor física, há uma ligação óbvia entre a experiência psicológica da dor e a consciência de uma localização física no corpo. A dor parece vir de um cotovelo, ou de um dedo do pé, ou de um quadril.
Estranhamente, podemos sentir a dor física naquele local, embora a maior parte, mas não todo, do processamento esteja acontecendo no cérebro. As vias neurais, sanguíneas e imunológicas entre o cérebro e o corpo são marcadas com informações sobre a localização do corpo, começando na medula espinhal e com marcações sucessivamente mais específicas até o tronco cerebral e o tálamo, cada uma adicionando outra camada de redundância e complexidade, até que a experiência se torne consciente e posteriormente identificada como "minha".
A maravilha do sistema nervoso é que, embora a consciência sensorial do corpo seja em grande parte uma criação da complexidade cortical, sentimos em 3-D: a dor está "no" meu joelho, aquele objeto está "lá fora" no espaço, etc.
Então, com esse tipo de lógica, podemos voltar às semelhanças neurais entre dor emocional e física. Se a semelhança não está apenas no cérebro, mas no corpo, é perfeitamente razoável perguntar: onde uma dor emocional dói? Se realmente existe uma economia de redes de dor que inclui dor física e emocional e se a dor física tem uma localização corporal, então pode-se concluir que a dor emocional deve ter uma localização física no corpo.
De que maneira as emoções podem ser incorporadas? Todas as emoções têm um componente motor. Mesmo se tentarmos esconder nossos sentimentos, haverá ativação muscular micromomentânea. A dor emocional pode estar localizada no corpo nos lugares onde uma expressão deveria acontecer, mas não se materializou. Se eu sentisse vontade de gritar com a pessoa que deixou o objeto no corredor, o objeto que bateu no meu dedo do pé, mas eu não gritei de fato e, de fato, não descarreguei minha raiva na pessoa, eu ainda poderia ter tensão muscular residual no meu pescoço, garganta e mandíbula (segurando meu grito de raiva). Essa pessoa negligente, para mim, é vivenciada como uma dor no pescoço ou uma dor na bunda (a vontade reprimida de chutar?) ou que estou farto (uma sensação no meu peito e intestino de que vou explodir?). Insultos mais profundos vão mais fundo no corpo. Raiva e ódio são os sentimentos viscerais definitivos, lá no fundo (Estou tão bravo que poderia vomitar; Você me deixa enjoado).
Os estudos citados no começo deste texto eram sobre rejeição social. Onde isso é sentido no corpo? Um coração partido? Desanimado? O amor e sua perda estão mais do que metaforicamente conectados ao coração e ao peito? Sim, diz a pesquisa da medicina comportamental e psicologia da saúde. A sensação de segurança que vem de estar na companhia de entes queridos é parcialmente criada pela ativação vagal-parassimpática que promove uma integração fácil e relaxada da respiração e da frequência cardíaca, ambas localizadas no peito.
Sentimentos de insegurança fazem o coração e a respiração saírem de sincronia e ativam o sistema nervoso simpático como se estivéssemos lidando com uma ameaça (frequência cardíaca e pressão arterial elevadas) e podem criar uma sensação de desconforto no peito e até mesmo dor. Pessoas que foram feridas por outros geralmente têm peitos retraídos e posturas abaixadas, que são formas musculares de proteger o coração e se fechar para se envolver totalmente com os outros por medo de serem feridas novamente. E pessoas em relacionamentos inseguros são mais propensas a ter problemas cardiovasculares (e outros problemas de saúde) do que aquelas que são mais seguras.
Com a dor física, estaríamos em apuros se não pudéssemos localizá-la em nosso corpo por meio da experiência interna direta de senti-la. Como nós (nosso cérebro) saberíamos como lidar com a dor (como nos mover, como sentar ou como deitar sem mais ferimentos) na ausência de uma localização e um sentido corporal direto? Às vezes, os analgésicos tornam o trabalho importante do corpo — encontrar e curar a lesão — mais suportável, mas precisamos permitir que o senso corporal desempenhe um papel em sentir o que nosso corpo precisa.
Para a dor emocional, um analgésico nos ajudará temporariamente, mas não removerá os sentimentos não resolvidos que nunca foram vistos, expressos ou realmente sentidos. Para superar a tristeza, resolver a raiva e até mesmo abraçar a felicidade, temos que realmente sentir essas coisas no corpo. Somos rápidos em acessar os locais do corpo de sentimentos prazerosos (comida, bebida, sexo, calor, toque), então por que não nos deixar ir também aos lugares da dor emocional? Sim, dói por um tempo, mas então — milagrosamente — pode haver alívio e o surgimento de uma nova perspectiva sobre nós mesmos e os outros.
O conhecimento sobre trauma, como ele se instala, se desenvolve e se manifesta ao longo da vida adulta é também importante para identificar causas subjacentes à dor crônica. Leia mais sobre isto na página "Somos todos traumatizados!"
As práticas relacionadas abaixo agem sobre o nervo vago(*), reduzindo o nivel de estresse, promovendo o sentimento de segurança interior e o relaxamento e restabelecendo o equilíbrio emocional, conduzindo assim à redução ou até eliminação (com a prática continuada) das dores crônicas:
Respiração profunda e lenta:
A respiração lenta e rítmica estimula o nervo vago, promovendo relaxamento e reduzindo a ansiedade.
Meditação:
O estresse é a resposta do sistema nervoso a estressores que são grandes demais para darmos conta. Meditações que focam no alívio do estresse são particularmente poderosas para eliminar estes estressores indesejados. A Meditação Natural Stress Relief é específica para isto.
Gargarejo:
Gargarejar com água estimula o nervo vago devido ao envolvimento dos músculos da garganta e ativa a resposta de relaxamento.
Cantarolar ou cantar:
A vocalização por meio do canto pode estimular o nervo vago, promovendo uma sensação de calma e bem-estar.
Exposição ao frio:
A breve exposição ao frio, como jogar água fria no rosto, pode ativar o nervo vago, ajudando a mudar o corpo de um estado estressado para um mais relaxado.
Engajamento social:
Interações sociais positivas aumentam os sentimentos de segurança e conexão. Participe de conversas, mantenha contato visual e pratique a escuta ativa para promover um senso de pertencimento e relaxamento. Conectar-se regularmente com amigos, familiares ou grupos de apoio pode criar uma proteção contra o estresse e promover a saúde emocional.
(*)O nervo vago controla funções involuntárias do corpo, sendo responsável por sensações e por movimentos e gere funções corporais como: ritmo cardíaco e pressão arterial, respiração, sistema imunitário. Para conhecer mais sobre o papel do nervo vago, leia nosso outro texto sobre a regulação emocional.
Traduzido e adaptado de textos originais nos sites:
https://www.psychologytoday.com/us/blog/body-sense/201204/emotional-and-physical-pain-activate-similar-brain-regions
https://www.arthritis.org/health-wellness/healthy-living/managing-pain/understanding-pain/pain-brain-connection
https://www.counselling-directory.org.uk/memberarticles/polyvagal-exercises-a-path-to-reducing-stress-and-chronic-pain
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